sexta-feira, 29 de abril de 2011

O CASAMENTO DO SÉCULO

(Ilustração: Nelson Santos)


E eis que todos os canais de tevê transmitem o "casamento do século"! O príncipe William e Kate Middleton. Londres em festa! Comentaristas de moda analisam vestidos e chapéus. Um conto de fadas se torna realidade. E dá-lhe túnel do tempo: comparar Kate Middleton com Diana Spencer virou mania. Eu mesmo me peguei acompanhando o início da cerimônia, mas o trabalho me chamou. Ai, essa realidade de suburbano funcionário público...

O que me chama a atenção é que, nos últimos tempos, os canais de tevê andam gastando muitas horas em dissecar tragédias, fatos impactantes. Ainda este ano, já houve a tragédia das chuvas na região serrana do Rio, o terremoto do Japão, o massacre no Realengo: o ibope aumentava de acordo com a contagem de cadáveres. Tragédia dá ibope. De repente, o mundo para um pouco a correria e se detem diante de um casamento.

Há quem torça o nariz para isso e afirme que há coisas mais importantes a serem feitas e pensadas. De fato, há mesmo, mas por que não podemos parar um pouco e sonhar? E por que desprezar o ritual e tudo aquilo que ele evoca?

A modernidade tem sido pródiga em destruir os valores de antanho. Há uma descrença imensa: tornou-se regra decretar o fracasso dos preceitos judaico-cristãos. O politicamente correto paulatinamente retira da vida o humor e a ironia. A liberdade se confunde cada vez mais com a libertinagem.

É nesse contexto que um casamento, (!) celebrado em uma igreja (!!), de um membro da realeza (!!!) com uma plebeia chama a atenção das pessoas. Três instituições tidas como superadas se reúnem e as pessoas param para ver: uns para criticar, outros para aplaudir. Mas a maioria esmagadora celebra junto, mesmo que em silêncio.

Há valores que são intrínsecos à humanidade. Por mais que o modernismo, o marxismo, o psicologismo e um monte de outros ismos venham há anos decretando o fim desses valores, o que fica evidente é que a família, a fé em Deus e a moralidade ainda são os únicos portos seguros em que uma pessoa pode amarrar seu barco, sem o medo de se perder. O que atrai as pessoas das mais diversas formações não é apenas o senso de espetáculo mostrado pelo cerimonial da corte inglesa, mas o fato de que, na família real, muitos enxergam a sua própria família, ou a família que se quer ter, ou a que não se tem.

Nenhum homem é uma ilha, dizia John Donne. O que se celebra, no casamento de William e Kate, é a constatação de que ninguém nasce para ser sozinho: há que se irmanar sempre, na alegria, na dor, na festa, no silêncio.

E é isso o que há de mais bonito em se ser humano.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

OTRAS COSITAS...




- A inflação ronda a economia brasileira. Os mais jovens não sabem o quanto esse monstro é perigoso. Dilma, a muda, falou: "Não vamos nos dispersar! Vamos lutar contra esse monstro!".


- Respiro aliviado: Dilma foi a gerente do PAC, na gestão de Lula, que afirmava categoricamente as qualidades de nossa atual presidente...


- Mas as obras do PAC... empacaram!


- A Copa de 2016 cada vez mais perto, e o Brasil com precários aeroportos, estádios ainda na maquete...


- A violência cresce...


- A miséria ainda amedronta milhões de brasileiros...


- A liberdade de expressão vive sob constante ameaça...


- A oposição ao governo se esfacela, apesar de ter ganho milhões de votos nas últimas eleições...


- Os bandidos são aplaudidos como se heróis fossem...



De repente, não dá para respirar aliviado!


O ar pesado me fere os pulmões...


Sigo. A fé não me abandona.


Mas não será fácil o futuro...

AGORA




Eu espero mais da vida.
Todos esperam, mas,
em minha ilusão egoísta,
eu espero mais.

Espero mais do tempo.
Espero mais tempo
para poder esperar,
sem medo, o que certamente
virá.

Espero saber o que virá.
E espero estar preparado
para a festa
ou para a queda.

Porque viver é esperar.
Parado, correndo,
é esperar
o que queremos
ou o que irá nos alcançar.


(Francisco, 27 de abril de 2011)